Nicolle Sartor ganhou o 2º Prémio no Concurso Jovens Criadores - Megatendências 2050 ao concorrer com um projeto desenvolvido no âmbito de uma atividade do curso de Ilustração Digital (2024-25). Além do prémio pecuniário para reinvestir no seu trabalho, Nicolle Velcro (nome artístico) recebeu o reconhecimento institucional e validou a singularidade do seu estilo bem diferenciado. Formada em Publicidade pela Universidade Federal de Santa Maria (Rio Grande do Sul), reside e trabalha em Portugal como ilustradora, 2D animator e DJ.
01. Por que escolheste a LSD e o curso de Ilustração Digital?
EA minha primeira busca foi pela acessibilidade em termos de horário, porque eu tinha um trabalho a tempo inteiro. Mas acabei por conseguir fazer o curso à tarde. Também me atraiu o facto de ser uma especialização em digital, que é basicamente o meio onde trabalho. Gostei de ver os trabalhos no site.
Apesar de ter experiência de trabalho em ilustração, na verdade era autodidata, não tinha nenhuma educação formal nesta área. E também foi a minha motivação para entrar no curso, juntamente com a vontade de ter uma visão do mercado português e europeu.
“O método dos professores foi muito acessível a todos os níveis de aptidão de ilustração.”
02. Como foi a tua experiência no curso? Partilha um momento marcante.
A experiência no curso de Ilustração Digital foi bem livre. O meu estilo de ilustração é bastante singular, não é para todos os gostos, e o meu receio inicial era que fosse podado, mas no fim de contas foi exatamente o contrário.
O método dos professores foi muito acessível a todos os níveis de aptidão de ilustração. Não importava de onde as pessoas vinham, havia colegas já com experiência, outros que ilustravam por diversão, ou com mais ligação ao design. Os professores abarcaram todas as diferenças e houve uma troca realmente singular, com uma apresentação final muito plural.
O momento mais marcante para mim foi logo no início do curso, quando o professor Nuno Saraiva puxou a barreira analógica antes da digital. É algo que eu já tinha perdido o costume de fazer. O processo começou por ser analógico, mas aos poucos eu passei a fazer tudo no digital, porque uso o iPad. Então, com este início do curso, voltei a ter vontade de pegar num papel e rascunhar antes de ligar o tablet.
“Um dos maiores ganhos deste curso
foi não mudar o meu estilo, mas refiná-lo.”
03. De que maneira é que o curso de Ilustração Digital na LSD contribuiu para o teu atual percurso profissional? O que estás a fazer atualmente?
Os professores João Carola e Nuno Saraiva trabalharam o analógico antes do digital e isso contribuiu muito para repensar a minha prática que já estava bastante estabelecida. Senti que fui puxada para outro campo mais exploratório.
O feedback dos professores que já trabalham na área há muitos anos e têm uma experiência com clientes foi importante. Um dos maiores ganhos deste curso foi não mudar o meu estilo mas refiná-lo.
A convivência e as atividades em que todos os alunos podiam expandir a sua criatividade contribuíram bastante para a evolução da minha prática de ilustração.
04. Como recomendas o método de ensino e os cursos da LSD a alguém ainda com dúvidas na escolha do seu rumo?
A minha maior recomendação assenta na diversidade e complementaridade dos três professores, com perspectivas, bagagens e trabalhos bem distintos. Tivemos aulas de softwares, outras aulas sobre as saídas dos arquivos e como fazer entrega aos clientes para reprodução digital ou para reprodução analógica, impressão.
O ambiente é de um ensino horizontal, com uma mesa redonda que permite trocas de ideias entre todos os alunos. Os equipamentos são muito bons, com mesas digitalizadoras.
Os professores deram-nos sempre oportunidades para concorrer a concursos dentro das atividades da escola. Havia um incentivo mas nunca houve pressão. Foi sempre uma proposta muito aberta, livre e tranquila: podia fazer a ilustração, o projeto e se quisesse concorria, mas se não quisesse, era apenas uma atividade da escola.
Recomendaria a LSD pela experiência passada pelos professores como também as oportunidades que nos oferecem para entrarmos no mercado e fazer networking. Foi algo que eu procurei e encontrei.
“Recomendaria a LSD pelas oportunidades que nos oferecem
para entrarmos no mercado e fazer networking.”
05. Como foi o processo criativo de participar no Concurso Jovens Criadores Megatendências 2050?
A atividade foi criada dentro do curso, lemos o regulamento, desenvolvemos tudo em aula, com bastante tempo e orientação dos professores, era opcional a submissão a concurso. Decidi, desde logo, que não tinha nada a perder em concorrer.
Coloquei 100% da minha dedicação e pensei muito sobre “Como é que vou pegar este desafio de agradar a um júri com um gosto visual tão distinto?” No início fiquei temerosa em saber como passar a mensagem da maneira que passo de forma aprazível para a proposta do concurso. Este foi um combustível do desafio.
Escolhi o tema da expansão da língua portuguesa como idioma do futuro e decidi explorá-lo numa perspectiva otimista, apesar de estarmos num momento quase apocalíptico. Tivemos uma sessão de sketches mais soltos em papel e depois fomos refinando graficamente, com o feedback dos professores. Foi sempre um processo construtivo, um questionamento que me provocasse para a melhoria.
“Superei uma barreira
relativamente ao meu estilo próprio.”
06. O que significou para ti o 2º Prémio?
Este prémio demonstrou que superei uma barreira relativamente ao meu estilo próprio, recebi o reconhecimento institucional tão importante e a validação da minha singularidade.
O valor de dois mil euros é para investir de volta no meu trabalho. Tenho muito interesse na reprodução gráfica, gosto de colar posters na rua e isto exige fundos. Por outro lado, este prémio é também para a minha subsistência, porque é um ideal que eu quero viver da minha ilustração.
A mensagem final que guardo é que posso ser eu mesma e trabalhar da maneira que eu acredito e ainda ser reconhecida por isso.
Conhece mais sobre o trabalho da Nicolle em www.vlkrr.com e na sua página de Behance.