Leonor Cunha Mendes é artista plástica e aluna finalista do curso de Design de Interiores na LSD Lisboa. Com formação em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e um Minor em Desenho de Modelo, Leonor tem vindo a afirmar-se no panorama artístico nacional, expondo o seu trabalho em galerias desde 2022.
01. Por que escolheste a LSD e o teu curso de Design de Interiores?
Expandir a minha prática artística para o universo dos espaços surgiu de forma natural. Sempre tive uma grande curiosidade pelo universo do design de interiores e o sonho de, um dia, poder estudar e trabalhar nesta área.
Depois da licenciatura em Pintura, comecei a sentir uma vontade crescente de levar a minha prática artística para algo mais tridimensional. Queria continuar a criar, mas de uma forma que se ligasse mais diretamente à vida das pessoas. Acredito que os espaços que habitamos influenciam profundamente o nosso bem-estar, o nosso estado de espírito e até a forma como nos relacionamos com o mundo. Por isso, surgiu em mim o desejo de aplicar a sensibilidade que desenvolvi na pintura à criação de ambientes que tenham impacto real no quotidiano, criando espaços com alma, que transmitam conforto e que sejam práticos e funcionais..
“Queria continuar a criar, mas de uma forma que se ligasse mais diretamente à vida das pessoas.”
02. Na tua perspetiva, de que forma a pintura e o design de interiores se complementam?
Para mim, a pintura e o design de interiores complementam-se de forma muito natural. As duas áreas partem de um olhar atento e sensível sobre o mundo e procuram causar impacto através da cor, da luz, da composição e das texturas. A pintura ensinou-me a parar para olhar, a reparar nos detalhes; para depois poder criar atmosferas com recurso à cor, à textura e ao gesto. E essa sensibilidade passou, de forma quase instintiva, para os espaços que agora começo a projetar. Vejo esta área como uma extensão natural daquilo que sempre fiz: uma ponte entre a arte e a vida, entre a liberdade criativa e as necessidades reais das pessoas. É um lugar onde a arte se cruza com a arquitetura, com as emoções e com a experiência do espaço, onde posso contribuir para tornar os ambientes mais acolhedores, mais humanos e com mais significado..
“Quando entrei no curso, percebi rapidamente que não bastava ser bonito: tinha de ser funcional. Isso obrigou-me a pensar de forma diferente, mais prática e estratégica, e trouxe desafios totalmente novos.”
03. Sentes que o curso de Design de Interiores na LSD tem influenciado a tua forma de criar? De que forma?
Sempre tive uma forma de criar muito espontânea e visual, muito guiada pela emoção, algo que vinha naturalmente da pintura. Quando entrei no curso, percebi rapidamente que não bastava ser bonito: tinha de ser funcional. Isso obrigou-me a pensar de forma diferente, mais prática e estratégica, e trouxe desafios totalmente novos. Aprendi a considerar outros fatores, como a circulação num espaço, a ergonomia, os materiais e a iluminação. Tudo isso começou a fazer parte do meu processo criativo e isso acabou por dar uma nova profundidade ao meu olhar. Hoje sinto que crio com mais intenção, mais consciência do impacto que um espaço pode ter na vida de alguém. O curso tem sido mesmo uma constante aprendizagem, às vezes confortável, outras vezes desafiante, mas sempre estimulante. Algo que mudou bastante a minha forma de trabalhar foi perceber que, ao contrário da pintura, aqui não se trata só do meu gosto. Há sempre alguém do outro lado, e o desafio está em encontrar soluções que reflitam a identidade do cliente, sem perder a minha linguagem. Isso obrigou-me a sair da minha zona de conforto e a arriscar, o que tem sido muito bom..
“Foi muito importante ter professores que
trabalhavam ativamente na área do Motion Design.”
04. Que mensagem deixas a quem está a pensar em seguir um caminho criativo, seja na arte, no design ou em ambos?
A quem está a pensar seguir um caminho criativo, diria para confiar na intuição e aceitar que o percurso vai ser tudo menos linear, e que está tudo bem com isso. É um caminho feito de descobertas, dúvidas, pequenas vitórias e muitas mudanças de direção. Mas é também um dos mais ricos e transformadores, porque nos obriga a olhar para dentro e para fora com atenção. Gostava de ter ouvido, no início, que não é preciso ter tudo claro desde o primeiro momento, que é natural não saber exatamente para onde se está a ir, e que o mais importante é continuar a criar, a experimentar, a observar o mundo com curiosidade. Também gostava de ter ouvido mais vezes que há espaço para cada pessoa, mesmo num meio competitivo, porque cada olhar é único, e o que tens para dizer só pode ser dito por ti.
Convidamos todos a conhecerem o trabalho da Leonor na exposição coletiva "São ou Não" que estará patente na Galeria São Mamede até 31 de agosto. Podem seguir também a Leonor na sua página de Instagram @cunhamendes.atelier.